TUTTI MONDES JUNTOS

O cérebro processa
informação como um computador
Memória
Atenção, percepção, memória, consciência e emoções. Esses são os conceitos mais frequentemente emprestados da psicologia cognitiva para definir aspectos clínicos das atividades cerebrais. Agora falaremos sobre as MEMÓRIAS
Cerca de 500 milhões de anos atrás, a jornada para a mente que temos hoje teve início quando as células nervosas, ou neurônios, começaram a se ampliar e se organizar em sistemas distintos com funções diferentes – alguns controlando a visão, alguns, o olfato, alguns, a audição. Esse foi o primeiro cérebro, um primitivo, localizado na parte de trás do crânio.
Para que pudéssemos reagir a ainda mais estímulos do ambiente, no topo desse cérebro desenvolveu-se um sistema de estruturas conhecido como sistema límbico, o que permitia um processamento emocional mais complexo. Outra estrutura crucial, o hipocampo, desenvolveu-se aí, e formou nosso sistema de memória associativa e de longo prazo, cuja capacidade é colossal. Essas estruturas são o maior contribuinte para a nossa psique intuitiva e os instinto básicos de sobrevivência. Os primeiros sistemas primitivos nessa região evocam e provocam, respondem e reagem a estímulos emocionais. Por isso, vou me referir a essa área do cérebro como nosso “sentidor”.

Nosso sentidor não está sozinho na tomada de decisões. Devido a grandes mudanças em nosso ambiente físico mais amplo, o cérebro sofreu uma expansão mais rápida em tamanho, e uma região chamada córtex cerebral se expandiu para a frente em nosso crânio.
Em contraste com o sentidor, os neurônios dessa região frontal estão densamente conectados, e cada neurônio individual se conecta a bilhões de outros. Nessa região, os neurônios passam informações entre si constantemente; sua conectividade resulta no que conhecemos como consciência. Ao contrário do nosso sentidor, temos consciência de tomar as decisões que decorrem do córtex cerebral. No sentidor as reações são totalmente inconscientes e se manifestam como reações viscerais e instintivas.
Essa estrutura neural promove nossas habilidades intelectuais e o processamento mais racional da informação. É essa mente que decide o que fazer com as informações que entram, e não apenas reagir. E são essa mente e esse pensamento superior que nos tornam singularmente humanos. Vou me referir a essa área do cérebro como nosso “pensador”.

A ideia é que o cérebro processa informações como um computador. O pensador não reage rapidamente às informações como o sentidor, mas as computa, tenta dar-lhes sentido e as reúne em um único quadro coerente.
O pensador adora decifrar padrões e procurar significados. Ele é uma máquina de fazer sentido, e o processo de encontrar significado é chamado de memória de trabalho, ou memória de curto prazo: é o processo de manter pensamentos em nossa mente por tempo suficiente para permitir que um padrão seja encontrado e para que esses pensamentos sejam manipulados conforme necessário.
Quanto mais longos são os pensamentos, mais tempo e espaço têm para serem manipulados e combinados com informações armazenadas em nossa memória de longo prazo e nosso psiquismo intuitivo – e mais provável será que acabemos encontrando o entendimento correto e resolvendo o problema em questão.
O uso do pensador e de nossa memória de trabalho vem com limitações. De acordo com o psicólogo cognitivo George Miller em seu estudo de 1956 amplamente citado, “a pessoa só pode manter sete itens – mais dois ou menos dois – na memória de trabalho consciente”. E pesquisas recentes situam esse número mais perto de três a cinco coisas. O pensador tende a se sobrecarregar com facilidade. Por outro lado, o sentidor pode armazenar um volume enorme de informação e responde por 85% do nosso pensamento global. Sua influência não pode ser ignorada.
Pesquisas recentes sugerem que nunca esquecemos uma experiência – ela apenas fica armazenada em nossa memória associativa de longo prazo. Isso faz do sentidor uma fonte incrivelmente poderosa de estímulo criativo inato, que vai conosco para onde for. E essa enorme capacidade de armazenamento é brilhante na execução de tarefas que envolvem muitas variáveis.
Referência: Kensett, Helen. A mente de vendas